Dinheiro como Papel de Parede: a hiperinflação que colapsou a economia alemã após a Primeira Guerra

Dinheiro como Papel de Parede: a hiperinflação que colapsou a economia alemã após a Primeira Guerra

Image: Buyenlarge/Getty Images

Entre 1921 e 1923, a Alemanha viveu um dos episódios mais extremos de hiperinflação já registrados. A moeda perdeu tanto valor que notas passaram a ser usadas como brinquedo, combustível — e até papel de parede. A crise desintegrou a economia, destruiu a classe média e pavimentou o caminho para o radicalismo político.

O cenário foi preparado no pós-guerra. Derrotada, a Alemanha teve de arcar com pesadas reparações impostas pelo Tratado de Versalhes. Para pagar, o governo imprimiu dinheiro em massa — sem lastro. A estratégia, baseada na expectativa de vitória e posterior compensação dos aliados, revelou-se um erro fatal.

Image: ullstein bild/ullstein bild via Getty Images


A inflação saiu do controle. Em 1922, um dólar valia 7.400 marcos. Em novembro de 1923, já eram 4,2 trilhões. Os preços dobravam a cada quatro dias. O marco perdeu completamente sua função. Com ele, ruíram também as poupanças, os salários e a confiança popular.

O estopim foi a ocupação do Ruhr, principal região industrial alemã, por tropas francesas e belgas, após o não pagamento de reparações. O governo incentivou uma resistência passiva e imprimiu ainda mais dinheiro para sustentar os grevistas. Resultado: colapso.

A vida cotidiana virou um caos. Filas se formavam para comprar pão antes dos preços subirem. Crianças brincavam com pilhas de cédulas inúteis. Em algumas casas, colar dinheiro nas paredes saiu mais barato do que comprar papel decorado.

Os impactos foram sociais e políticos. A hiperinflação destruiu a classe média, gerou fome, miséria e revolta. Alimentou o ressentimento com a República de Weimar e abriu espaço para discursos extremistas — incluindo o do Partido Nazista.


A economia só começou a se estabilizar em 1924, com a introdução do Rentenmark e o apoio financeiro internacional via o Plano Dawes. Mas o trauma ficou. A hiperinflação deixou marcas profundas na memória coletiva alemã, que influenciam a política econômica do país até hoje.

Casos semelhantes ocorreram em países como Hungria, Zimbabué e ex-Jugoslávia. Em comum: impressão descontrolada de dinheiro, colapso institucional e perda total de confiança na moeda. O episódio alemão, no entanto, continua sendo o mais emblemático.

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