Pirâmide de 2.200 anos, moedas de bronze, papiros e armas antigas são descobertos no deserto da Judeia

Pirâmide de 2.200 anos, moedas de bronze, papiros e armas antigas são descobertos no deserto da Judeia

Foto: Emil Aladjem, Israel Antiquities Authority

Uma monumental estrutura piramidal foi descoberta no deserto da Judeia, ao norte de Nahal Zohar, por arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, na sigla em inglês). A escavação revelou não apenas a pirâmide, mas também um entreposto subterrâneo, onde foram encontrados papiros escritos em grego, tecidos bem preservados, armas e uma rara coleção de moedas de bronze datadas dos períodos Ptolemaico e Selêucida.

A descoberta desafia interpretações anteriores sobre a história da região. Antes atribuída ao período do Primeiro Templo, a pirâmide agora é datada do período helenístico, quando a Judeia esteve sob domínio dos Ptolemeus e, posteriormente, dos Selêucidas. A presença de moedas cunhadas durante o reinado de Antíoco IV Epifânio reforça essa hipótese.




Bronze coins of Antiochus Epiphanes IV found in the excavation. / Judean Desert Survey Unit, Israel Antiquities Authority


Moedas revelam presença selêucida na região

As moedas recuperadas na escavação estão entre os artefatos mais significativos do achado. Muitas delas foram cunhadas durante o governo de Antíoco IV Epifânio (175–164 a.C.), governante selêucida que ficou marcado pelo conflito com os macabeus e pela imposição da cultura grega na Judeia.

O excelente estado de conservação das moedas permite identificar detalhes das gravuras e inscrições, fornecendo pistas sobre a circulação econômica e as relações comerciais na região. Algumas trazem a efígie de Antíoco IV e símbolos helenísticos, evidenciando a tentativa do império Selêucida de consolidar seu domínio cultural e político.

Além das moedas, os arqueólogos encontraram vasos de bronze raros, fragmentos de móveis e ferramentas de madeira. O clima seco do deserto ajudou a preservar os objetos, permitindo um estudo mais detalhado.


O enigma da pirâmide: torre de vigia ou tumba monumental?

Os arqueólogos ainda buscam respostas sobre a função da pirâmide. Construída com blocos de pedra esculpidos à mão, cada um pesando centenas de quilos, a estrutura se destaca por sua imponência e localização estratégica.

Entre as hipóteses levantadas, os especialistas consideram que a pirâmide possa ter sido uma torre de vigia usada para proteger uma importante rota comercial que transportava recursos do Mar Morto, como sal e betume, para os portos do Mediterrâneo. Outra possibilidade é que a estrutura servisse como um marcador monumental ou até mesmo uma tumba de grande relevância.

"Ainda não sabemos ao certo qual era a função desse edifício, mas os achados arqueológicos nos ajudarão a esclarecer o mistério", explicam os diretores da escavação, Matan Toledano, Dr. Eitan Klein e Amir Ganor. "Cada dia de trabalho traz novas descobertas que enriquecem nossa compreensão sobre o passado da região."


Escavação faz parte de esforço para preservar a história

A descoberta da pirâmide faz parte de um projeto arqueológico iniciado há oito anos para resgatar vestígios históricos ameaçados por escavações clandestinas e pelo saque de artefatos. A iniciativa, financiada pelo Ministério do Patrimônio de Israel, pelo departamento de arqueologia da Administração Civil da Judeia e Samaria e pela IAA, já identificou cerca de 900 cavernas ao longo de 180 quilômetros de penhascos.

Usando equipamentos de rapel e tecnologias avançadas, arqueólogos recuperaram milhares de artefatos raros, incluindo pergaminhos escondidos deliberadamente, fragmentos de papiros, armas, objetos de couro e tesouros de moedas.

"O levantamento arqueológico do deserto da Judeia é uma das operações mais importantes da história de Israel", destacou Eli Escusido, diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel. "Os achados são emocionantes e de grande valor para a pesquisa histórica. Agora, na primavera e poucos dias antes do feriado de Pessach, convidamos os cidadãos a participarem dessa experiência única. Em um momento tão desafiador, passar alguns dias no deserto da Judeia e contribuir para essas descobertas pode ser uma experiência enriquecedora e transformadora."

Para incentivar a participação pública, a Autoridade de Antiguidades montou um acampamento estruturado para voluntários, oferecendo acomodações, alimentação, água e palestras noturnas sobre arqueologia. A escavação continuará por mais três semanas, e os pesquisadores esperam que novos achados ajudem a esclarecer o enigma da pirâmide de Nahal Zohar e seu papel na história da região.

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Comentário recente

  • user por Dener

    Tenho algumas moedas raras vcs compram?

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  • user por Marco Antonio Veiga

    Estudando sobre a História de Goyaz

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  • user por Marcio Nascimento

    Então, acho um absurdo! Visto que, embora o código de defesa do consumidor nos garanta que o comerciante nos devolva o troco com valor acima casso ocorra da compra ser valor em centavos de um a quatro centavos, o clima fica sempre ruim ao consumidor que faz valer o código, pois o comerciante sempre levará vantagem, porque o cliente se sente inibido por se fazer valer do direito legal, quando está pagando em dinheiro e não em débito ou com cartão.

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