A crise monetária cubana, marcada pela falta de moedas e pela desvalorização contínua do peso, levou autoridades a discutir a emissão de notas de maior valor. O objetivo é aliviar a pressão sobre o sistema bancário e facilitar transações em espécie, hoje dificultadas pela inflação.
A escassez de numerário resulta do aumento de preços e da perda de utilidade das moedas de baixa denominação. Peças de 1, 3 e 5 pesos praticamente desapareceram da circulação, pois o custo de cunhagem e transporte já supera o valor de face. Com o mesmo problema, notas pequenas também se tornaram impraticáveis.
A medida em estudo prevê a introdução de cédulas de 10 mil pesos. Segundo o Banco Central de Cuba, a nova série buscaria garantir fluidez nas operações de pagamento. Para economistas, trata-se de solução apenas logística. O impacto real dependerá do controle da oferta monetária e da estabilidade do câmbio.
O sistema atual opera com múltiplas taxas: 24 pesos por dólar para empresas estatais, 120 para o público e mais de 300 no mercado informal. Essa diferença reduz a previsibilidade dos preços e compromete o valor de referência do peso.
Desde a Tarea Ordenamiento, reforma monetária de 2021, o país tenta unificar moedas e simplificar pagamentos. A digitalização parcial, por meio de plataformas como Transfermóvil e EnZona, atenuou a escassez física de dinheiro, mas não restaurou a confiança na moeda.
Numismatas destacam que o fenômeno é típico de economias com inflação elevada. A introdução de notas de alta denominação costuma acompanhar fases de desmonetização de valores menores, quando a moeda perde seu poder aquisitivo e o uso de metálicas se torna antieconômico.
Em Cuba, o peso — atualmente cotado em torno de 4 centavos de dólar — enfrenta esse processo. A emissão de novas cédulas pode facilitar a circulação, mas não resolve a causa da desvalorização. Sem ajuste fiscal e equilíbrio entre emissão e produtividade, a tendência é de que novas notas apenas reflitam o valor já perdido.