Em 1654, no fim da ocupação holandesa em Pernambuco, uma reunião secreta do Supremo Conselho decidiu bater moedas de prata para pagar os soldados. O tesoureiro Jacob Aurich reuniu 11 quilos de prata — toda a que havia disponível — e entregou o metal ao cunhador Bransveld.
O plano era ambicioso: três tipos de moedas — 2 florins, 1 florim e 12 soldos. Mas só um detalhe sobreviveu à História: as moedas de XII soldos.
E aqui começa o mistério.
Os documentos oficiais afirmam que o peso seria de 7 gramas. As poucas moedas existentes — apenas três em todo o mundo — pesam 5 gramas. As contas não fecham.
Teriam os holandeses alterado as medidas de propósito? Usado um sistema diferente, como o da onça de Amsterdã, que reduzia o peso para 3 gramas? Ou simplesmente erraram nos registros?
“O documento diz uma coisa, as moedas mostram outra”, aponta Fernando Ganim, do canal Vivendo a História.
Feitas às pressas, as peças foram cunhadas apenas de um lado — o outro ficou liso, sem tempo para gravar. Cada exemplar conhecido hoje vale cerca de R$ 1,8 milhão.
A conta também não fecha no total: com os 11 quilos de prata, seriam possíveis 2.050 moedas. Onde foram parar as outras 2.047?
Ninguém sabe.
Três moedas sobrevivem. Três pistas de um tesouro que talvez ainda esteja enterrado no solo do Nordeste.
🎥 Assista: “#381 – Mistério dos XII soldos | História das Moedas do Brasil”
com Fernando Ganim, no canal Vivendo a História.