A devoção a Santa Ana, padroeira da Casa da Moeda do Brasil (CMB), atravessa séculos e mantém vivo um elo entre fé, cultura e tradição. Originada entre os moedeiros de Lisboa, a prática foi trazida para o Brasil colônia e oficializada por Dom João VI no início do século XIX, consolidando-se como parte da história de uma instituição fundada em 1694 para organizar o sistema monetário e afirmar a soberania econômica do país.
Na tradição católica, Santa Ana é lembrada como uma mulher prudente, que dividia os recursos da família entre o lar, o culto religioso e os pobres. Essa imagem de “exímia gestora e financista” tornou-se simbólica para a Casa da Moeda, cuja função exige rigor e responsabilidade na produção de moeda e documentos de segurança. Para os moedeiros, ela representa valores como honestidade e dedicação, transmitidos ao longo de gerações.
Todo 26 de julho, data litúrgica da santa, é também o “Dia do Moedeiro e da Moedeira”, criado para homenagear os trabalhadores e preservar a memória da instituição. O evento, organizado pelo Sindicato Nacional dos Moedeiros (SNM), reúne servidores ativos, aposentados e suas famílias. Em 2024, a comemoração ocorreu na sede social do sindicato, em Santa Cruz, no Rio, com música ao vivo, comidas típicas e atividades para reforçar o espírito comunitário.
A antiga “Sagração do Moedeiro”, cerimônia que simbolizava fé e compromisso, também segue presente na memória da categoria. Embora não seja mais realizada em sua forma tradicional, a saudação aos “sagrados moedeiros” mantém vivos os valores que marcaram o ofício desde seus primórdios.
A tradição brasileira contrasta com outras casas da moeda pelo mundo. No Reino Unido, São Jorge é referência nacional, e nos Estados Unidos, o lema “In God We Trust” aparece nas moedas. No Brasil, porém, Santa Ana é uma padroeira específica da Casa da Moeda, com laços diretos com seus trabalhadores, unindo cultura, fé e função pública.
Mais que uma devoção religiosa, Santa Ana tornou-se um símbolo histórico e cultural. Ao conectar gerações e reforçar valores como prudência e confiança, ela integra a memória da Casa da Moeda, instituição cuja trajetória acompanha a própria história do país.