Mergulhador descobre tesouro de moedas romanas de 1.600 anos que pode revelar naufrágio oculto
SARDENHA/ROMA — Um mergulhador amador fez uma descoberta extraordinária ao avistar um objeto brilhante entre as algas marinhas próximo à costa de Arzachena, no norte da Sardenha. O que parecia ser uma simples peça metálica revelou-se uma moeda romana de 1.600 anos, dando início a uma busca que recuperou mais de 30 mil moedas de bronze e cobre do século IV. Autoridades italiais acreditam que o achado possa indicar a presença de um naufrágio oculto nas proximidades.
De uma moeda a um tesouro subaquático
As moedas, chamadas follis, foram cunhadas entre 324 e 340 d.C., durante o reinado do imperador Constantino, e estão em "estado de conservação excepcional", segundo o Ministério da Cultura da Itália. Apenas quatro estavam danificadas, mas ainda legíveis. O peso total do tesouro sugere que haja entre 30 mil e 50 mil peças – o que o tornaria um dos maiores achados numismáticos das últimas décadas, superando os 22.888 follis encontrados em Seaton, Reino Unido, em 2013.
"A riqueza deste achado reforça a importância do patrimônio arqueológico que nossos mares ainda guardam", afirmou Luigi La Rocca, diretor-geral de arqueologia e paisagem da região. "É um testemunho das rotas comerciais que conectavam o Império Romano à Ásia e África."
Pista para um naufrágio histórico
A concentração anormal de moedas em uma área pequena levou especialistas a suspeitarem de um navio afundado que transportava carga valiosa. "Embora ainda não tenhamos localizado a embarcação, a quantidade de moedas e a presença de ânforas [jarros de transporte] reforçam a hipótese", explicou a arqueóloga submarina Giulia Marconi, envolvida na operação.
As ânforas encontradas ao lado das moedas variam em origem: algumas foram produzidas na África Romana, outras na Ásia, indicando uma rota comercial de longa distância.
Moedas que contam a história econômica
O follis foi introduzido em 294 d.C. pela reforma monetária do imperador Diocleciano. Feitas inicialmente de bronze banhado a prata, as moedas circularam até o período bizantino. "Cada uma dessas peças é uma janela para a economia de um império em transformação", destacou o numismata Carlos Ventura, da Universidade de Roma.
A operação de resgate, liderada pelo Ministério da Cultura em parceria com a Guarda Costeira, continua em andamento. Enquanto isso, as moedas serão restauradas e exibidas no Museu Arqueológico de Cagliari.