As moedas de R$ 1 do Brasil possuem um detalhe que passa despercebido por muitos: os traços no anel dourado. Mais do que um elemento estético, essas linhas são uma referência à cerâmica marajoara, uma das mais antigas expressões artísticas do país.
Originária da Ilha de Marajó, no Pará, a cerâmica marajoara remonta, pelo menos, ao século VI. Povos indígenas que habitaram a região desenvolveram uma técnica sofisticada de produção, aplicando desenhos geométricos em vasos, urnas funerárias, estátuas e outros objetos. A arte marajoara se destaca pelos traços simétricos e padrões repetitivos, que foram preservados ao longo dos séculos e continuam sendo reproduzidos por artesãos locais.
Foto: Reprodução/Ubá Brasil/ portalamazonia.com
Na segunda família do real, lançada em 1998, o Banco Central incorporou esses grafismos ao design da moeda de R$ 1 como forma de valorizar a cultura indígena brasileira. De acordo com a Casa da Moeda do Brasil, os traços simbolizam a riqueza das raízes étnicas do país. Eles aparecem tanto no anverso (frente) quanto no reverso (verso) da moeda.
Não foi a primeira vez que o grafismo marajoara inspirou o dinheiro brasileiro. Entre 1938 e 1942, durante o governo de Getúlio Vargas, moedas de réis traziam elementos dessa arte em suas bordas, reforçando sua importância como símbolo da identidade nacional.
Hoje, a cerâmica marajoara segue sendo valorizada como patrimônio cultural. Além de peças artesanais vendidas a turistas, suas formas e padrões continuam a influenciar o design e a arte contemporânea. As moedas de R$ 1, usadas diariamente por milhões de brasileiros, são um lembrete discreto, mas significativo, dessa herança indígena.