A Bulgária vai aposentar o lev, sua moeda nacional desde 1881, e adotar o euro oficialmente a partir de 1º de janeiro de 2026. A decisão foi aprovada pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu em junho de 2025, depois de anos de preparação. Com isso, o país do Leste Europeu se tornará o 21º membro da zona do euro, grupo de países da União Europeia que usam a mesma moeda.
A mudança marca o fim de uma era. O lev acompanhou a história da Bulgária desde a independência do Império Otomano, passando por guerras mundiais, regimes comunistas, crises econômicas e, mais recentemente, pela integração ao bloco europeu. Adotar o euro é visto como o passo final no processo de alinhamento econômico e político com a União Europeia.
Como será a transição?
A partir de agosto de 2025, os preços em lojas, mercados e serviços devem ser exibidos nas duas moedas: lev e euro. Essa fase preparatória serve para que a população se acostume aos valores e evite confusões.
No dia 1º de janeiro de 2026, o euro se torna a moeda oficial, mas por um período de 30 dias, o lev ainda poderá ser usado para pagamentos — é o chamado período de circulação dupla. Após esse prazo, o lev será retirado de circulação, mas quem tiver moedas ou cédulas antigas poderá trocá-las gratuitamente, e sem prazo limite, no Banco Nacional da Bulgária.
Por que a Bulgária está adotando o euro?
Ao entrar na União Europeia em 2007, a Bulgária assumiu o compromisso de adotar o euro no futuro. Desde então, o país vem trabalhando para cumprir os critérios exigidos, como manter a inflação controlada, reduzir o déficit público e manter a taxa de câmbio estável.
Desde 1999, o lev já estava atrelado ao euro por meio de um sistema de taxa fixa: 1 euro equivale a 1,95583 leva. Na prática, isso significa que a moeda búlgara já seguia de perto as variações da moeda europeia, mesmo sem ser oficialmente adotada.
Além disso, especialistas apontam que o euro pode trazer benefícios econômicos, como facilitar o comércio com outros países europeus, atrair investimentos e garantir maior estabilidade para o sistema bancário do país.
O que muda para a população?
A adoção do euro pode gerar dúvidas, especialmente entre pessoas mais velhas ou que têm pouca familiaridade com a moeda europeia. O governo búlgaro e o banco central estão investindo em campanhas educativas para explicar como funcionará a transição e como evitar fraudes e confusões nos preços.
As novas moedas de euro produzidas pela Bulgária vão manter símbolos nacionais para preservar a identidade do país. O Cavaleiro de Madara, um relevo esculpido em pedra do século 8, estará nas moedas de menor valor. Já o santo Ivan de Rila aparecerá na moeda de €1, e o historiador Paisii Hilendarski, na de €2. Todas as moedas terão inscrições em alfabeto cirílico, como o nome do país e os valores.
E para os colecionadores?
O fim do lev também chama atenção do mundo da numismática (coleção de moedas). Algumas moedas da última geração do lev são consideradas raras. Por exemplo, a moeda de 1 stotinka (centavo do lev) teve tiragem limitada e circulou pouco, assim como as moedas bimetálicas de 1 e 2 leva, lançadas apenas nos anos de 2002 e 2015, respectivamente.
Além disso, a quantidade de moedas de euro que será emitida pela Bulgária ainda não foi definida. Se o país seguir uma estratégia conservadora, como já fez com o lev, as novas moedas búlgaras em euro poderão se tornar “raridades modernas” entre colecionadores.
Um marco histórico
A troca de moeda na Bulgária não é apenas uma questão econômica. É também simbólica. Ao abandonar o lev, o país encerra um ciclo histórico de quase 145 anos. E, ao adotar o euro, reforça seu compromisso com o projeto europeu, buscando estabilidade, crescimento e integração.
Para os búlgaros, será o fim de um símbolo nacional. Para a Europa, é a chegada de mais um membro a uma moeda compartilhada. E para o mundo, mais um capítulo na transformação do mapa monetário global.