De sujeira colada com cola escolar a exames com feixes de nêutrons, identificar moedas adulteradas tornou-se uma corrida tecnológica. Falsificadores tentam imitar o envelhecimento natural para aumentar o valor das peças ou esconder sua verdadeira origem, e colecionadores agora contam com métodos cada vez mais avançados para flagrar as falsificações.
O envelhecimento natural de uma moeda é o resultado de anos ou séculos de contato com o ambiente, formando uma fina camada de compostos químicos que mudam sua cor e ajudam a protegê-la da corrosão. Essa cobertura, que pode ser esverdeada ou marrom, é um sinal de autenticidade e preservação. Uma moeda comum, mas com esse desgaste verdadeiro, pode valer até dez vezes mais.
Falsários usam desde truques simples até processos industriais. Um dos métodos mais básicos é colar terra ou areia para simular uma peça recém-achada. Outros usam produtos químicos vendidos legalmente para restaurar metais, que mudam a cor apenas na superfície. Há ainda artistas que aplicam tintas, óleos e calor controlado para reproduzir o desgaste irregular do tempo. Apesar de realistas, essas técnicas deixam marcas e resíduos que podem ser detectados com microscópios e análises químicas.
A investigação começa com inspeção visual e tátil, medição de peso e tamanho e, em casos simples, a limpeza da sujeira suspeita. Mas moedas valiosas passam por exames mais sofisticados. Equipamentos de raios X e microscopia eletrônica revelam a composição do metal e a textura da superfície. Pesquisadores também simulam o efeito corrosivo do suor humano para diferenciar desgaste natural de alterações rápidas.
O avanço mais promissor vem do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), nos Estados Unidos. Eles usam tomografia e interferometria de nêutrons para ver a estrutura interna da moeda. Em testes com peças coreanas do século 19, moedas autênticas mostraram danos profundos e poros minúsculos preenchidos ao longo de décadas, enquanto cópias recentes apresentaram apenas danos superficiais e poros grandes.
No mercado, certificadoras como a Professional Coin Grading Service (PCGS) e a Numismatic Guaranty Corporation (NGC) tornaram-se referência. Elas unem avaliação especializada e exames tecnológicos, atribuem notas de conservação e lacram as moedas em embalagens invioláveis. Uma camada de envelhecimento falsa pode tornar o item inelegível para certificação, mesmo que a moeda em si seja verdadeira.
Com mais investidores entrando no setor — de advogados a executivos — as moedas raras passaram a ser tratadas como investimento. A autenticidade confirmada é essencial para garantir valor e facilitar a revenda. No futuro, inteligência artificial e imagens 3D devem automatizar parte das análises, tornando a detecção ainda mais precisa.