Arqueólogos identificaram, em moedas do tipo Sol Nascente e Srivatsa, evidências de um sistema comercial que, há mais de 1.500 anos, ligava portos e cidades do Vietnã a Bangladesh. A análise, conduzida por pesquisadores da Universidade Nacional de Singapura e publicada na revista Antiquity, examinou 245 peças guardadas em museus de Mianmar, Camboja, Vietnã e Tailândia.
As moedas foram cunhadas pelas comunidades Pyu-Mon, no centro-norte de Mianmar, usando moldes para imprimir desenhos nas duas faces. A padronização sugere controle rigoroso e integração econômica além das fronteiras políticas. Achados semelhantes já haviam sido descritos por crônicas chinesas da dinastia Han, que registraram rotas terrestres e marítimas ligando o Golfo Pérsico, o Oceano Índico e o Mar da China Meridional.
Os artefatos foram encontrados em locais como a bacia do rio Irauádi, centros culturais de Dvaravati (Tailândia), núcleos funaneses no delta do Mekong e assentamentos da Península Malaia. Um caso notável aponta que moedas achadas em Bangladesh e no Vietnã podem ter sido cunhadas pelo mesmo artesão, apesar da distância de milhares de quilômetros.
Além de revelar a extensão das trocas comerciais, o estudo destaca o uso da análise de cunhos como ferramenta contra o tráfico de antiguidades. Muitos exemplares de Mianmar foram saqueados durante conflitos e vendidos ilegalmente ou derretidos. A comparação de moldes permite rastrear a origem das peças e detectar falsificações.
A pesquisa eleva o sistema monetário do Sudeste Asiático ao nível das moedas romanas, indianas e da Ásia Central, e abre caminho para novas investigações sobre o papel regional da moeda na antiguidade.